Fé Literária

  como o vento que não posso segurar como areia escorrendo por meus dedos não é palpável ou visível ainda assim conheço seu cheiro  aquela voz dentro de mim me disse que estávamos unidos sem olhares ainda compartilhados há um tempo pra eles definido acorda, respira e me estenda a mão eu arrumo as malas, arrumo a casa sorria, chame meu nome  me tire do chão

se cale, aquiete escute o silêncio não se avexe escute o eco fale menos há grandeza no silêncio retire as vozes diga não aos sussurros alheios em seu coração só escute se aquiete reverbere na imensidão

  me peguei dizendo adeus sem ao menos ter passagem de ida ainda assim em meu coração lateja sentindo o aroma de outra vida uma nova terra, um novo lugar um outro jeito, um outro falar gratidão pelo que vivi expectativa pelo q vou viver grata pelo que vivi na cidade de ilhas  aguardando o que ainda vou conhecer

 no silêncio também há aconchego quando entendo que ele não é sinônimo de solidão mas que estou em companhia de um Amigo que sem palavras segura minha mão Ele é calmaria, quando meu interior era tempestade  mas ao passar mais tempo com Ele Sua calmaria em mim também brotou um bom fruto de nossa amizade com meu coração quieto pra Ele há beleza em mim muito mais do que em meus traços um espírito tranquilo  me embelezam mais que jóias de marfim  (1 Pe 3:3-5)

  muitas folhas secas caindo ao chão você também sente que o vento as leva pra mudar os trajes pra uma outra ocasião? sou a única a notar  os muitos pássaros voando em pleno outono  gritando com seu canto à primavera anunciar? aves de rapina visitando a selva de pedra ignorando o som do inverno e o vento frio em minha janela além delas outros vão chegando, cantando e anunciando que perto está a promessa  não falta muito, e será chegada a primavera

o Fé Literária começou como uma página no instagram onde eu postava poemas relacionados com a minha fé. ali era um lugar de falar de emoções, arte, Jesus e livros. com o passar do tempo, os poemas foram sumindo e os textos de reflexões se tornaram a maioria. nada contra, tenho até amigos que... não, pera. nada contra, eu mesma os escrevi, mas o que era pra ser um recanto literário começou a me sufocar quando percebi que haviam livros que eu queria resenhar, mas que muito provavelmente seriam facilmente julgados por seguidores dali. me senti engessada quando não me sentia mais à vontade pra escrever sobre emoções e músicas quando os seguidores dali esperavam apenas textos baseados em versículos ou de alguma outra forma, que fossem puramente espirituais. senti que ali só havia espaço pra o "fé", mas não mais para o "literária". nos meus primeiros meses ali, apenas 3 ou 4 amigos sabiam que era eu por trás daquele perfil. o anonimato me trazia uma liberdade que eu perdi